NOTA HISTÓRICO-ARTÍSTICA

As primeiras referências ao uso peças de artilharia em Portugal, recuam ao reinado de D. Fernando I (1381), pelas referências do cronista Fernão Lopes, na Crónica do Senhor Rei Dom Fernando. Porém, é apenas no reinado de D. João II que a artilharia dá o primeiro passo de desenvolvimento tecnológico, sendo um dos gestos mais representativos a distribuição pelo reino de bocas-de-fogo, pólvora e criação de locais para a sua produção e reparação. É neste contexto que são criadas as taracenas, nomeadamente em Pinhel, que apresenta inúmeras referências como defensora do reino ou como cidade de fabrico de armamento, onde se terão construídas armas de grandes dimensões.

Os Trons ou Bombardas, numa primeira fase, eram de fabrico muito primitivo, muitas vezes fundidas no local de batalha caracterizando-se por uma fundição grosseira de ferro, sendo que, é apenas ao longo do século XIV, com a crescente importância da utilização destes engenhos pirobalísticos, construídos em ferro forjado. No caso da bombarda de Pinhel, foi construída em ferro forjado, com um método de justaposição de barras de ferro longitudinais, reforçadas por argolas de ferro transversais colocadas contiguamente as quais se apoiavam e se travavam entre si sem serem soldadas nem caldeadas, sendo consolidado por várias camadas de barras de ferro e anéis de ferro ao longo de todo o cano de modo a aumentar a sua espessura e resistência. Estas bocas-de-fogo eram depois montadas em berços ou reparos de madeira simples, bancos ou caixas, por vezes com engenhos que permitiam a pontaria em elevação e disparavam pelouros ou balas de pedra, balas de ferro ou chumbo.

Deste modo, com o intuito de salvaguarda e conferir dignidade a uma peça rara, que se encontra na memória de todos os Pinhelenses, o projeto e construção de um novo berço para esta engenho de artilharia, inspirou-se diretamente na Bombarda Mons Meg, existente no Castelo de Edimburgo, na Escócia, assim como em alguns baixos relevos representando esta mesma peça de artilharia.