NOTA HISTÓRICO-ARTÍSTICA

No Parque da Lavandeira, em Vila Nova de Gaia, encontra-se a Estufa da Quinta da Lavandeira, belíssimo exemplar de arquitetura neogótica novecentista em ferro, mandada edificar por António de Silva Monteiro (1822-1885), o Conde de Silva Monteiro, nobre proprietário do Porto, com sumptuoso palacete na Rua da Restauração (atual sede da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes), empresário com negócios no Brasil, Presidente da Associação Comercial do Porto (1875-1877), Vice-Presidente da Câmara Municipal do Porto (1876-1877) e promotor de diversos empreendimentos, nomeadamente a construção do porto de Leixões e a construção da linha de caminho-de-ferro do Porto à Póvoa de Varzim. A estufa, localizada na quinta que o nobre adquiriu em 1880 e onde se estabeleceu com a sua mulher, D. Carolina Júlia Ferreira Monteiro (que aí residiu até 1921), foi realizada pela Fundição do Ouro, de Luiz Ferreira Cruz e Irmão, no Porto, entre 1881-1883, e onde Silva Monteiro pode desenvolver a sua paixão pela floricultura e jardinagem. Duarte de Oliveira Júnior, no jornal “O Comércio do Porto”, em Agosto de 1883, referia que a estufa “é um documento eloquente do progresso que a arte e a indústria tem feito em Portugal, porque, nessa edificação, nova no seu género entre nós, encontramos uma e outra levadas a um grau de perfeição, que pode fazer a inveja de engenheiros distintos […]”, adiantando que «recorreu-se à arte, pensou-se muito na parte ornamental, e é este o seu maior mérito. Conhecemos as principais estufas e jardins de Inverno da Europa, em geral umas construções simples, pouco ou nada arquitetónicas, e que, portanto, diferem muito desta. Aqui, o desenhador pegou no lápis e foi descrevendo traços sobre o papel, à medida que a fantasia divagava pelos domínios da arte dos séculos passados. Não se pode dizer que seguisse rigorosamente este ou aquele estilo, mas o conjunto é agradável à vista. A porta do centro é ampla (3,30m de largo), elegante, bem proporcionada, e as laterais condizem com o resto do edifício. Os rendilhados da cobertura são todos de ferro e de uma leveza tão extraordinária, que mais parecem recortes feitos em papel transparente. O corpo principal é sustentado por quatro arcos, nos quais se observa o mesmo estilo da parte exterior, que recorda muito o gótico. Nesta edificação é tudo harmonioso e bem proporcionado. Tem 24 metros de frente, 12 de altura no centro e 12 de fundo. Quando estiver povoada de plantas, deve produzir efeito surpreendente. Daqui se vê que esta estufa é uma das maiores que existem em Portugal e a primeira entre todas quantas possuem os amadores portugueses.» A par da estufa, existe ainda uma Pérgola contemporânea de arquitetura neogótica novecentista em ferro.