NOTA HISTÓRICO-ARTÍSTICA

O Convento de Nossa Senhora da Saudação, em Montemor-o-Novo, fundado no início do século XVI, localiza-se dentro do Castelo, onde se erguia a primitiva vila intramuros de Montemor-o-Novo. Este complexo sistema edificado que testemunha a vivência monacal encontra-se implantado junto à muralha, sobre a colina que domina a cidade. A sua fundação deve-se à iniciativa de D. Mécia de Moura, pertencente a uma abastada e nobre família de Montemor, que, com diligência e emprego da sua fortuna, organizou a comunidade de mulheres lideradas por Joana Dias Quadrada, obtendo a regra dominicana e o Padroado Régio à época do reinado de D. Manuel I.

Sendo a única casa religiosa feminina de Montemor-o-Novo durante o século XVI, teve a primazia na vida professa de clausura de alguns membros da alta burguesia e nobreza montemorense, o que contribuiu para a obtenção de elevados rendimentos, obtidos de rendas e dotes. Este enriquecimento e nobilitação da casa conventual teve reflexo na qualidade e dimensão dos programas arquitectónicos e decorativos existentes. Com o elevar de prestígio e a necessidade de criar novos espaços para albergar um crescente número de religiosas, o edifício foi tendo obras de readaptação e ampliação ao longo dos séculos e emana, actualmente, uma concepção orgânica de um palimpsesto monumental, onde existem programas arquitectónicos e decorativos devidamente integrados, e outras intervenções que descaracterizaram algumas áreas e bens. A vasta área de construção (4700m2 de área bruta) integra um valioso conjunto artístico de grande valor cultural que inclui decorações de planos parietais com revestimentos azulejares, a existência de pintura mural decorativa ou figurativa em abóbadas e paredes, a inserção de estruturas retabulares em talha, a utilização de decorações em argamassa relevada e estucada, a utilização de técnicas de esgrafito e estuques, e o tratamento escultórico de materiais pétreos.

As obras de construção do Convento terão começado em 1502. E tanto a frontaria da igreja como a Porta das Freiras, conservam alguns elementos arquitetónicos característicos da época de fundação. No século XVI foram construídos o Dormitório, a Igreja, o Coro Alto e o Coro Baixo, e já em finais do mesmo século, a ala da Enfermaria e Dormitório Novo. O claustro conventual, renascentista, data do reinado de D. João III. A Igreja constitui um interessante exemplar da arquitectura barroca, revestida com azulejos policromos de vários padrões, onde se integram dois retábulos colaterais e, na capela-mor, um retábulo de talha de influência da escola real de Valladolid. O Coro Baixo destaca-se pelas pinturas a fresco de início do séc. XVII que cobrem a sua abóbada, atribuídas ao pintor eborense José de Escobar.

Imprensa